UM UPDATE DE INOVAÇÃO

O som, com toda a sua complexidade e beleza, é uma parte fundamental da nossa vida diária e, para aqueles que estão atentos ao valor de eventos acústicos bem concebidos, não existe nada mais estimulante do que um som verdadeiramente superior. Uma dessas pessoas é o compositor e tecnólogo holandês Paul Oomen, que afirma que o som foi sempre a sua “forma de imaginar”.

Estas explorações dos primeiros anos da infância, relacionadas com o que ele conseguia ouvir, formaram o promissor início de uma paixão para toda a vida, e Oomen dedicou a sua carreira a explorar a complexa relação de sobreposições que existe entre o ser humano e o mundo sonoro que este encontra.

“Estou a ouvir o que acontece entre os sons e o espaço, e entre os sons e o meu corpo”, afirma. “Quanto mais somos capazes de distinguir as ressonâncias e reflexões que o som causa no espaço, melhor compreendemos que os sons que detetamos são inteiramente compostos por essas interações, resultantes da reciprocidade com o ambiente”.

Oomen, que vive e trabalha em Budapeste, onde, em 2015, fundou o Instituto de Som Espacial, concentrou-se originalmente na criação de design sonoro na composição de música para teatro e ópera. Porém, em 2007 voltou a sua atenção para a exploração do espaço, som e perceção, com a sua empresa, a 4DSOUND, onde até hoje trabalhou com a sua equipa na criação de mais de 70 e perto de uma centena de projetos de som espacial e desenvolveu um forte interesse em melhorar a experiência auditiva.

“Quanto mais refinamos a nossa experiência de audição, mais ouvimos ao nível espacial”, explica. “Uma experiência auditiva de elevada qualidade significa um sistema de som que não chame a atenção para si mesmo, mas que chame a atenção para o ambiente, escutando os sons como parte do ambiente e movendo-se no mesmo. O sistema de som é apenas um elemento, a conceção do espaço, o seu tratamento interior, os aspetos sociais e, não menos importante, o conteúdo do som, tudo elementos que precisam de ser compatíveis para transformar a experiência como um todo”.

Para Oomen, esta experiência depende tanto da participação ativa do ouvinte como da qualidade do equipamento.

“A nossa capacidade de atenção tornou-se tão reduzida que é necessário um grande esforço para que muitas pessoas consigam sequer encontrar espaço na mente para se concentrarem em algo que exija realmente ‘ouvir’”, afirma. “Se quisermos ter experiências auditivas mais requintadas e com envolvimento experimental, devemos começar por omitir o ruído dos nossos ambientes; caso contrário, simplesmente não ouviremos nada”.

Embora ele continue apaixonado pela música, que tem composto desde a sua juventude, e, todos os dias, no seu trabalho e na sua vida privada, se encontre rodeado por várias camadas de som multidimensional, Oomen admite que aquilo que mais gosta de ouvir é a paz e a tranquilidade.

“Na minha vida diária, o que mais anseio ouvir é sobretudo o silêncio”, admite. “O silêncio é relativo, claro. Por isso, em vez de silêncio, devo provavelmente dizer: menos ruído e mais espaço, para que os meus sentidos se possam abrir e respirar, e eu comece a ouvir mais”.